Jader Barbalho dispensa apresentações no país inteiro. Sua má fama o precede e assusta os incautos. Como alguém com seu currículo pode ainda estar solto ? Pelo seu poder, é o que todos pensam logo em seguida. No entanto, será que estas mesmas pessoas, ainda pensam dessa forma, após os acontecimentos da última eleição nacional ?
Jader entrou no processo eleitoral ainda deputado federal, liderando uma bancada estadual e federal, sendo (dono) presidente regional do PMDB e uma das principais figuras da legenda. Poucos meses depois, Jader pôde constatar que deu tudo errado em sua estratégia de continuar dando as cartas no submundo da política paraense.
Sua estratégia era manter seu poder através de cargos, com quem quer que fosse eleito governador do Estado. Seja com o eleito Simão Jatene, seja com a reeleição da governadora Ana Júlia. O artifício era simplório: manter-se neutro até quando pudesse, fazendo jogo de cena para ambos, mesmo à despeito da aliança nacional do PMDB com o governo federal, que em tese faria com que Jader apoiasse a governadora. Sem contar que seu partido fez parte do atual governo com cargos em secretarias, órgãos e diversos escalões. Se não fossem os fatos reais, ele negaria isso.
A despeito de tudo, seu plano era estar fortemente presente no governo que ganhasse. E poderia ter dado certo, pois além de comandar uma máquina política com vários deputados, prefeitos e vereadores, ele próprio é detentor de um caminhão de votos - maciçamente no interior do Estado, onde as informações por vezes, demoram a chegar ou nunca chegam. E assim o candidato a senador recebeu mais de 1,5 milhão de votos, numa campanha da qual quase nem precisou fazer esforço e nem aparecer, do mesmo modo com que fazia em seu mandato em Brasília, de acordo com o DIAP. Apenas seu nome e seus veículos de comunicação fizeram o serviço.
Mas tudo começou a dar errado quando de uma lei aprovada a toque de caixa no Supremo Tribunal Federal: a Lei do Ficha Limpa, entre discussões sobre sua inconstitucionalidade ou não. O fato é que a mesma está em vigor e sua primeiríssima e fatídica vítima foi o deputado paraense, que viu seu cargo no senado escorregar para o colo de Marinor Brito, do PSOL. E mais ainda, condenado a ficar 8 anos fora da política, contando a partir da publicação da Lei.
Para quem esperava uma votação recorde proporcionalmente para o senado, Jader também foi alvo de uma intensa campanha de seus adversários empresariais: do Grupo ORM, que diariamente e incessantemente construiu a alcunha de Ficha Suja para o político, fazendo com que este chegasse em segundo lugar na disputa senatorial, perdendo para o insosso Flexa Ribeiro.
Junto com o cargo no senado, sua estratégia para o PMDB no próximo governo se esvaiu entre seus ágeis dedos. Apesar de ter supostamente liberado os principais candidatos para apoiarem quem quisessem no segundo turno da disputa estadual, ele nunca o fez publicamente. O primeiro a correr para os braços do candidato Simão Jatene, foi o deputado-tiririca do Pará, Wlad Costa, que apesar de ser do PMDB, não responde a Jader há alguns anos. Os demais apoiaram tacitamente, pois o resultado da campanha poderia ainda surpreender cada um dos lados a cada momento.
O que Jader não contava era com o apoio irrestrito e de primeiro momento do PPS, que junto com o PSDB, fizeram oposição ao governo federal e estadual. Com isso, e a decadência dos Democratas, que praticamente foram extintos no Estado, o PPS foi um ator importante na eleição de Simão Jatene, que inclusive emplacou na vice-governadoria um membro de seu quadro, além da expressiva e surpreendente votação de Arnaldo Jordy para a câmara federal. Com isso, e sem o apoio claro do PMDB, o PPS tem tudo para ser um dos principais parceiros na nova administração, o que deve atrapalhar mais ainda os planos de sobrevivência de Jader como líder de um partido elefante, difícil de ser alimentado sem muitos cargos.
O apoio de Jader, que no início das eleições valia seu peso em ouro, no final do segundo turno não valia mais nada. Inacreditável para uma raposa política que por poucos meses em décadas, ficara sem mandato. Jader, numa tentativa desesperada deu uma última cartada - ainda por ser explicada em detalhes -, há poucos dias: renunciou novamente, agora de seu cargo de deputado federal, no qual não fez praticamente nada.
Ninguém imagina Jader atrás de uma mesa de escritório, numa de suas empresas de seu conglomerado de comunicação. Mas o que fará agora que está de férias forçadas da política ? Todos se questionam sobre seus processos de corrupção que agora voltam para tribunais de primeira instância e que podem lhe causar ainda mais problemas. O fato é que podemos estar vendo o ocaso de mais um coronel da política regional, que fez e desfez e agora se vê às voltas com revezes que podem lhe custar caro e proporcionar o final de sua história, mesmo que insista em dizer o contrário.
Falei.