No colégio, estudamos sobre o coronelismo, fase da nossa história em que os grandes senhores, em geral donos de terras, mandavam na política do país (http://pt.wikipedia.org/wiki/Coronelismo). Admito não lembrar se os professores disseram quando encerrou este período. Mas basta dar uma pesquisa rápida na política nacional para perceber que esta triste fase ainda não foi encerrada.
O representante mais visível de nossa história recente foi encarnado no finado senador baiano, Antônio Carlos Magalhães, que em seu estado era apelidado de Toninho Malvadeza. Com seu poder, mantinha um reino em forma de estado, elegendo com sua influência, deputados, prefeitos e até governadores. Sua influência no sertão miserável do Brasil perdura até hoje, com filhos e netos ainda comandando parte da política naquele belo Estado.
O mesmo acontece em relação ao nosso vizinho Maranhão, onde a família do senador José Sarney, que até hoje é carinhosamente chamado de presidente nos bastidores do poder, também mantém um feudo que atravessa décadas, elegendo uma pá de parentes na esteira de seu poder.
Localmente, temos ainda como maior representante desta vertente vergonhosa de poder, o deputado Jáder Barbalho, que já foi ministro, governador e senador. E que com salário de político fez uma fortuna até hoje inexplicada e aplicada em um grupo de comunicação. Coincidentemente, a exemplo de seus pares José Sarney e Antônio Carlos Magalhães.
O que além do termo coronelismo une estes senhores feudais, são as incontáveis denúncias de todos os tipos de crimes, sem que a justiça tenha condições, ou até mesmo leis efetivas que possam tocá-los. Leis sob a tutelas destes mesmos parlamentares e seus comandandos, abrigados nas casas legislativas de todo o país.
Jáder elegeu sob sua influência, deputados, como sua ex-mulher, prefeitos - incluindo aí um filho, e vereadores para o PMDB, o qual preside ad eternum em sua sucursal paraense. Se diz humoristicamente que os ribeirinhos do interior do Estado possem até hoje na parede de suas humildes casa, o cartaz de Jáder da campanha para governador de 82, momento em que ele teria representado uma mudança, na transição da pós-ditadura brasileira. Suas administrações são marcadas popularmente pelo lema do rouba mas faz e baseado nisso, ainda advém muitos de seus votos.
Mas mesmo com tanto "poder", os coronéis do século 21 enfrentam problemas sérios em suas carreiras. Foi assim com Sarney, com Antônio Carlos Magalhães e também com Jáder. Contra este há vários processos em tramitação e que por contar com sua condição parlamentar, corre em ritmo político no Supremo Tribunal Federal. A mais séria ameaça a sua carreira eletiva surgiu com a Lei do Ficha Limpa, que por ter vergonhosamente renunciado ao cargo de senador em 2001, num embate com também senador Antônio Carlos Magalhães (que também teve que renunciar), Jáder pode ficar sem poder concorrer novamente a uma cadeira no Senado Federal e de novo pode ser preso pela polícia federal, como em 2002.
Assim entende o Ministério Público Federal. Quais seriam as consequências para Jáder caso não possa concorrer e assim ficar sem mandato e com seus processos voltando à justiça comum ? Seria o início do fim de mais um coronel ? Nos resta esperar pelo julgamento do pedido de impugnação do MPF, cuja data ainda não foi informada.
Mas mesmo que possa concorrer, somente sua atuação, a exemplo dos coronéis de antigamente, com um pseudo poder sobre centenas de pequenos políticos pelo interior do Estado, pode levar Jáder de novo ao Senado, Já que a maioria esclarecida da capital Belém não o tem em grande consideração ?
A falta de informação aos eleitores mais distantes dos centros urbanos elegeria novamente o político que muito pouco faz de efetivo em seus mandatos legislativos, comumente identificado pela imprensa nacional como um dos mais faltosos do Congresso, e do qual não temos informação alguma sobre qualquer proposição de lei. Um resumo da atuação de Jáder parlamentar poder ser visto no portal Tranparência Brasil - http://www.excelencias.org.br/@candidato.php?id=422&cs=1.
Falei.
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